terça-feira, 16 de junho de 2009

Pensamentos de quem quer chegar a uma conclusão...

Continuando a reflexão para conseguir criar um jornal que prevaleça para além de 10 anos… Encontrei, então, opiniões divergentes: Rupert Murdoch (empresário australiano que preside e dirige o grupo de comunicação social norte-americano News Corporation) que defende que os jornais em papel vão deixar de ser lidos entre 10 a 15 anos; e, um estudo da Associação Mundial de Jornais e da PricewaterhouseCoopers (presta serviços de auditoria e consultadoria para todo o tipo de empresas) que os jornais impressos possuem ainda um longo futuro, apesar dos consumidores preferirem os conteúdos digitais.

Então em que ficamos?!
Ainda é possível elaborar-se mais jornais em papel e que estes vençam este cenário da imprensa portuguesa?!

Apostar na criação de um jornal diário em papel é certamente um risco. Um jornal impresso necessita de muitos e bons jornalistas, de profissionais de design e de imagem. Um jornal deste tipo acarreta imensos custos, por isso é que abrir um jornal não é como abrir um escritório de advogados ou um consultório de psicólogos: fazer nascer um jornal é dispendioso e acima de tudo há, por trás das edições impressas, um trabalho demorado e interligado entre todos os jornalistas para que o jornal possa ter sucesso.

E, neste momento, existe em Portugal capacidade de criar algum jornal que venha quebrar o panorama da imprensa portuguesa, que seja capaz de pelo menos igualar-se aos jornais de referência em Portugal e que perdure daqui a dez anos?
Na minha opinião, não é impossível, mas é extremamente complicado fazê-lo.

Poderíamos apostar em entrevistas, grandes reportagens, tratar temas actuais de perspectivas diferentes, elaborar histórias de ficção… mas, não estão estes conteúdos todos disponíveis na Internet e com a vantagem de serem grátis?
É muito difícil perante a crise combater o sucesso da Internet e valorizar os jornais impressos, porque simplesmente a crise abate-se sobre as famílias que optam por ter outras prioridades e comprar um jornal não está no topo das prioridades de uma família quando se tem informação gratuita disponível na Internet. As informações que estão na Internet são praticamente iguais às que vêm nos jornais, pois a maioria dos jornais de papel disponibilizam a informação impressa na sua edição online.

Poderíamos limitar também a informação na Internet, relativamente ao que tem o jornal impresso… mas será que resultaria? Não iriam as pessoas procurar a mesma informação noutros jornais online? Hoje em dia, existe uma partilha de agendas que permite aos jornais cobrirem os mesmos acontecimentos e disponibilizarem as mesmas informações. Portanto, limitar a informação na Internet seria “empurrar” os nossos leitores para outras páginas online.

Ainda há outra hipótese… Seria possível criar um jornal em papel e uma página online do mesmo jornal, mas apostar em géneros jornalísticos como grandes reportagens, entrevistas, opiniões com temas interessantes para o jornal impresso e não disponibilizar online aquilo que continha o jornal impresso? Por sua vez, na Internet arriscaríamos em colocar notícias breves, informações que todos os outros jornais diários também tinham, novidades de última hora que não poderíamos pôr no jornal impresso?
É impossível prever se este jogo para conjugar o online e o impresso resultaria. Mas, poder-se-ia arriscar.

A imprensa portuguesa poderá lançar 'algo novo', um jornal que corte com o presente dos jornais portugueses, mas será que inventar algo novo para se pôr nas bancas não irá ter só sucesso enquanto é novidade e depois as pessoas não se vão cansar quando esse “algo novo” deixar de ser novidade?
Relativamente fácil é criar-se algo que prevaleça enquanto é novidade, mas é impossível manter esse algo como sendo sempre novidade, principalmente quando se trata de um jornal diário. Nem sempre podemos fazer “caixa”, pois nem sempre há notícias que nos permitam criar uma caixa atraente para os leitores, e nesses dias que não há “caixa”, como chamamos os leitores para nós?!

Tal como defende o estudo "Adoptar modelos empresariais múltiplos: uma perspectiva para os editores de jornais na era digital", os leitores interessam-se e estão mais dispostos a aderir aos conteúdos online, mas quem sempre apostou na leitura dos jornais em papel continuará a fazê-lo.
Eu concordo. Há pessoas que lêem os jornais em papel por uma questão de preferência, também por uma questão de hábito e por não estarem familiarizados com a Internet e as múltiplas funções que esta possui. É um processo complexo para muitas pessoas acostumarem-se à Internet e compreender os avanços que esta implica a todos os níveis.

No entanto, Rupert Murdoch acredita que as pessoas deixarão de comprar jornais entre os próximos 10 a 15 anos e defende que se deve apostar cada vez mais no jornalismo online. Mas, o empresário defende que o jornalismo digital deve ser pago para combater a crise das vendas em papel e das receitas publicitárias.
Mas será que uma mudança do jornalismo online gratuito para um jornalismo online pago não iria “afastar” as pessoas da informação e limitar-lhes o acesso às novidades?
O problema é que as pessoas preferem não pagar. Os leitores querem informação grátis e fiável. Por estas razões é difícil combater a Internet com um jornal em papel, porque mesmo que não se disponibilize a informação na página de um jornal online, há quem a disponha um blogue ou noutro suporte digital onde qualquer pessoa pode aceder.

Complexo, não é?
Todos os dias tenho pensado, divagado, questionado sobre o tema “Criar um jornal que prevaleça daqui a 10 anos”… Ainda não encontrei uma ideia que seja realmente coerente e que me faça crer que haja um tipo de jornal em papel que possa ter sucesso daqui a 10 anos.

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